De 13 de Maio de 2006 a 31 de Dezembro de 2012, o meu primeiro blog

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Sábado, 28 de Março de 2009

[1/4] Os rios nos unem, os rios nos separam…

A sala esteve cheia para ouvir o Prof. da UTAD, Luís Cortes, explicar em que fase estão os estudos relativos ao projecto Codeçoso/Fridão e em que medida está ao alcance das populações locais e seus representantes influenciar as decisões que estão próximas.
Foi muito interessante ver chegar gente de Basto e de Amarante, em número significativo, mas também foi interessante sentir a presença dos ausentes. Assim, a teia que une e que separa os que vieram e os que não puderam ou não quiseram vir, é como esse Rio que todos juram amar e que tanto nos liga como nos serve de fronteira.

[2/4] Para uma Participação Pública eficaz

Luís Cortes considerou que, de facto, muito haveria a dizer sobre a independência dos grupos multidisciplinares que nesta altura estão a realizar os Estudos de Impacte Ambiental para as cinco barragens “de elevado potencial” a projectar na Bacia do Tâmega. Se, por um lado, reconheceu que é aos interessados, promotores, que devem ser imputados os encargos financeiros relativos a todas e a cada uma das fases do processo de decisão, não deixou de reconhecer também que esses técnicos são frequentemente sujeitos a pressões que vão no sentido de influenciar os resultados dos seus relatórios.
Entre a consideração de prós e contras deixou-nos uma excelente sugestão: que as Autarquias, juntas de freguesia ou câmaras municipais, compreendam que tem mais peso um documento participativo com chancela oficial do que milhares de participações individuais de cidadãos anónimos. Estes últimos, além de numerosos (o que dificulta o seu processamento) tendem a ser repetitivos e tecnicamente mal sustentados. Pelo contrário, as Autarquias poderão ser elas próprias a tratar a informação, colhida junto dos seus munícipes, detectando as preocupações mais sensíveis e sustentando, depois, tecnicamente (incluindo aqui a vertente jurídico-administrativa) o que deve ser transmitido à Agência Portuguesa do Ambiente, em sede de Participação Pública.

[3/4] Tabu

Uma das vertentes do debate que acabou por não merecer a melhor atenção dos intervenientes, diz respeito ao cenário de futuro mais previsível: que a barragem venha mesma a concretizar-se sem que saibamos como e que contrapartidas reivindicar. Esta questão tende a tornar-se “tabu” porque parece ser politicamente incorrecto tratar de considerar o futuro partindo do princípio de que a barragem é “inevitável”.
Para alguns, sobretudo para os que claramente se opõem ao projecto, admitir tal possibilidade é um intolerável princípio de capitulação. Mas não é. Porque assim como nos preparamos para exigir que os técnicos responsáveis pelos Estudos de Impacte Ambiental considerem todos os cenários (incluindo a possibilidade de não-construção); também nós deveremos preparar-nos para qualquer dos cenários, incluindo o mais provável.

[4/4] Apagão

Também pouco ou nada se falou do que realmente significa, em termos de produtividade energética, o complexo Codeçoso/Fridão. Porque não parece razoável continuarmos, colectivamente, a comportarmo-nos como consumidores compulsivos de energia, sem cuidar de saber onde iremos buscá-la, isto é, comprá-la. A dependência energética é ou não uma questão estratégica, relacionada com questões de soberania nacional e, portanto, local?
 
JNobre às 22:27

Grato Vítor,

A tua convicção é a minha convicção! Não tenho a grandes dúvidas quanto à perda.

Quando questiono é no sentido de perceber, se há argumentos que podem ser utilizados de forma eficaz nesta luta. E talvez fruto de uma estratégia premeditada, consegue-se fazer crer, que não há alternativas. Enfim...

Esta estratégia, também nos leva para um outro "esquema", aqui abordado pelo Arq. Nobre: a necessidade de rentabilizar o monstruoso investimento nas eólicas. E nesse sentido nenhuma outra alternativa, poderá servir de armazenamento às eólicas. Talvez também por esse motivo, não seja nada interessante abordar sistemas de produção alternativos.
AtoMo a 3 de Abril de 2009 às 16:42