[1/3] O que tem o EIA para oferecer?
Há quem resolva o seu posicionamento relativamente à questão da construção da barragem do Fridão, escudando-se na benevolência do estudo de impacte ambiental (EIA) a concluir dentro de meses. De acordo com esse princípio, o EIA irá elencar “tudo” e tudo resolver, diagnosticando os malefícios e contrariedades enquanto proporá as devidas correcções e compensações. Mas não será assim. Desde logo porque “quem parte e reparte…”.
[2/3] Um massivo investimento público
Os primeiros impactes a considerar (e esses não constarão nos relatórios) são os políticos e referem-se à possibilidade da contestação à construção passar dos limites do razoável. Pelo que tenho lido, ouvido e observado, os mondinenses que se expressam temem sobretudo as consequências ambientais e paisagísticas locais, sem cuidar de contextualizar esta iniciativa no âmbito do Plano Nacional de Barragens e da opção pelo massivo investimento público em infra-estruturas pesadas. A seguir, virão os impactes económicos directos, relativos à necessidade de aquisição das parcelas rústicas afectadas, das casas, moradias e equipamentos, bem como ao tratamento dos acessos e servidões várias. Movimentações especulativas no sector do imobiliário rústico começam a insinuar-se, mitigados embora pela crise financeira que tem no imobiliário um dos seus pontos mais sensíveis. Tudo isto a água há-de cobrir, literal e financeiramente.
[3/3] Antevendo cenários

Eu penso que as consequências a antecipar e a monitorizar serão, sobretudo, de natureza sociológica. Com o desencadear de qualquer das operações – a construção das acessibilidades anunciada no ano passado pelo Secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, ou o início dos trabalhos de instalação do estaleiro da barragem Codeçoso/Fridão – dar-se-á início a um processo, sem retorno, da alteração do perfil físico e social da nossa Vila e, por consequência, do município, na medida em que tal afectará praticamente 2/3 da população residente no concelho, considerando que estamos a falar das freguesias de Atei, Mondim de Basto e Paradança. Importante será, então, sermos capazes de prever e desenhar os diferentes cenários que tais infra-estruturas poderão influenciar, projectando-os sobre os próximos quatro a oito anos, a partir, mas para lá, da presente conjuntura económica e política
Mas, deste lugar onde me não refugio, mas porque nele darei sempre a minha cara, a minha terra estará sempre em primeiro lugar. Mondim, sempre.
Teixeira da Silva.